domingo, 23 de janeiro de 2011

Grave of the Vampire (1974): um vampiro das antigas!



Grave of the Vampire (1974) é uma pequena pérola dentre a vasta produção de filmes sobrre vampiros realizados nos Estados Unidos na década de 1970. Pouco lembrado e raramente exibido, apresenta situações interessantes que o distinguem numa época em que os vampiros ainda seguiam o tradicional paradigma do Drácula. Sendo assim, está mais próximo em ousadia de Blácula, o Vampiro Negro (Blacula, 1972) do que dos também contemporâneos Conde Yorga (Count Yorga, Vampire/ 1970) ou o Janos Skorzeny do telefilme The Night Stalker (1972).

Dirigido por John Hayes, especialista em filmes B e exploitation que também foi co-autor do roteiro, compensa com criatividade o baixo orçamento da produção. A trama tem longa introdução anos 40 com o ataque, por um ser das trevas (o eficiente e eterno coadjuvante Michael Pataki), de um improvável casal que está em idílio romântico no cemitério. Após ser despertado em seu caixão e matar o rapaz, o vampiro arrasta a jovem Leslie para uma cova recém aberta e a estupra. Identificado pela polícia como Caleb Croft, um assassino e estuprador morto anos antes em Boston, elimina o detetive que o perseguia. Nove meses depois, Leslie dá à luz em dramática seqüência a um pequeno monstro, um híbrido humano-vampiro, que alimenta com o próprio sangue. Esforço que, com o passar do tempo, esgota suas forças, causando-lhe a morte. O filho, James Eastman (outro astro de filmes baratos, William Smith) passa a ter como objetivo, enquanto luta contra a sede de sangue comendo carne crua, caçar e livrar o mundo do monstro que o gerou. Um dos precursores da figura agora tão comum do “vampiro relutante”.

Fica clara a semelhança com outro famoso vampiro criado pouco antes da realização do filme pelos talentosos Marv Wolfman e Gene Colan para a Marvel Comics: o personagem Blade, lançado na revista em quadrinhos Tomb of Drácula 13 (outubro de 1973). Também híbrido graças ao ataque de uma criatura da noite à sua mãe durante a gestação e, por sua vez, inimigo mortal da espécie.

O reencontro entre pai e filho se dá em tempos atuais (no caso a década de 70), quando Eastman se matricula em um curso de ocultismo – modismo naqueles tempos - ministrado pelo sinistro Adrian Lockwood. A partir daí, repetem-se os clichês habituais de ambiência gótica (como sessões espíritas, possessões), trazendo ecos de outra produção famosa no período: a novela Dark Shadows (1966-1971). Entram na narrativa as amigas Anne Arthur e Anita Jacoby (Lyn Peters e Diane Holden respectivamente, atrizes egressas das séries de televisão). A primeira objeto de desejo do monstro graças à semelhança com sua falecida esposa Sarah, e interesse romântico do mocinho Eastman; a outra uma mística interessada em virar vampira. Anita descobre a verdade sobre Lockwood em um velho livro de ciências ocultas e seu passado não só como o estuprador Caleb Croft, mas como a antigo vampiro Charles Croydon. O que vai desencadear os acontecimentos que levarão ao inevitável desfecho trágico, com o embate final entre duas gerações de vampiros.

Grave of the Vampire, ainda que conte com um roteiro meio apressado e pontuado por incoerências, merece ser conferido, inclusive pela estética tão característica da década de sua produção, tanto nos elementos cenográficos, figurinos e trilha sonora groovy; quanto nos enquadramentos e utilização do zoom. Curiosidade: o ator Michael Pataki interpretou o rei dos vampiros no cultuado Zoltan, o Cão Vampiro de Drácula (Dracula’s Dog / 1978).