domingo, 27 de setembro de 2009

Viva El Santo!!!!


Durante a primeira metade dos anos 1950 começam a despontar filmes e seriados estrelados pelos lutadores da lucha libre, popular modalidade esportiva-circense que encontrou no México terreno fértil. A partir de 1958 essa produção, que tem como representante maior O Santo, passou a incorporar em suas tramas temas oriundos da ficção-científica e do horror. O Santo (ou Rodolfo Guzmán Huerta) nasceu em 1917, começou sua carreira nos ringues nos anos 1940 e em meados da década seguinte consagrou-se o lutador mais popular do México. Santo contra Hombres Infernales e Santo contra Cerebro del Mal, ambos de 1958 e rodados em Cuba, marcam seu início nas telas, ainda que não apresentem seqüências de lutas. Somente em 1961, em Santo contra Los Zombies, vão aparecer todos os elementos constitutivos da fórmula: monstros clássicos do cinema (devidamente treinados em modalidades acrobáticas), horror, influência dos quadrinhos, melodrama, comédia, aventura, o registro de algumas lutas factuais e a inclusão de outras encenadas, relacionadas à trama. Mais importante: o protagonista é mostrado pela primeira vez tanto como lutador como combatente do crime. Ele possui um laboratório, é consultado pela polícia, e assim por diante, intercalando essas atividades investigativas com as lutas. A fórmula seria depurada e repetida a exaustão em toda uma produção que seguiria pelos anos 1960 e continuaria na década seguinte, consagrando o lutador mascarado como uma das maiores atrações de bilheteria latino-americanas do período e inspiração para produções imitadoras, dentre as quais as estreladas pelos colegas e posteriormente coadjuvantes Blue Demon e Mil Máscaras.
Pode-se dizer que Santo contra las Mujeres Vampiro, o maior sucesso comercial – inclusive mundial - da série e um dos melhores exemplares da fusão entre mascarados e monstros. O que se deve principalmente à habilidade em se criar situações que elevariam os paradigmas dessa linha de filmes a patamares nunca mais alcançados. O que pode ser conferido na passagem considerada uma das mais efetivas dessa linha: enquanto Santo se preparava para a luta, o oponente é assassinado, tomando seu lugar um dos capangas da rainha-vampira. Após encarniçada luta, em que o herói começa em desvantagem sendo quase posto fora de combate e desmascarado, ele finalmente vira o jogo. Ao imobilizar o adversário e retirar sua máscara revela, para horror da audiência, um horrível lobisomem. Confrontado pelo Santo e pela polícia, o homem-fera acaba voando para longe, transformado em morcego.
Os filmes de mascarados e monstros começaram a perder público ainda na primeira metade dos anos 1970, com algumas tentativas de adaptação para temas mais recentes, sendo Misterio em las Bermudas (1977) considerado o canto do cisne do gênero, que ainda renderia para o veterano Santo mais quatro produções até 1982, com La Furia de los Karatecas. O lutador morreria em fevereiro de 1984, poucos dias depois de finalmente descobrir seu rosto em um programa de tv. Foi enterrado com a máscara que o transformou em lenda, sendo essa a imagem que adorna a placa de sua cripta.