segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Banquete da Morte (Feast / 1992)



Existem obras cinematográficas que se enquadram perfeitamente na controversa categora dos “melhores dos piores”. Produções que indico somente aos iniciados naquela classe de filmes Z, assim denominados por Michael Weldon, autor das consagradas enciclopédias de filmes “psicotrônicos”, por seu caráter de total inépcia e pobreza na realização. Fatores compensados por recursos apelativos – geralmente envolvendo sexo e violência – que acabam muitas vezes tornando essa tosca filmografia de difícil distribuição e veiculação. E fazendo com que algumas dessas pérolas da criatividade e picaretagem conquistem um número de aficionados que os elevam à categoria de cult. Dentre essas produções, que não recomendo para serem assistidas a dois num encontro regado a pipoca (a não ser que seu interesse romântico também seja afeito a essas coisas estranhas) com o risco de um fenomenal pé-na-bunda, está esse independente Banquete da Morte (Feast/1992).

Dirigido pelo expert em armamentos e efeitos especiais Mike Tristano, que fez carreira prestando serviços para diversos diretores de filmes B e posteriormente se tornou realizador, Banquete da Morte trata com bastante humor de um tema pouco palatável e por isso mesmo recorrente em filmes de horror e exploitation: o canibalismo. Trazendo à memória a forma e conteúdo da “trilogia de sangue” de Herschell Gordon Lewis, sem o mesmo brilhantismo. É protagonizado pela veterana e polêmica pornstar Sharon Mitchell (desde os anos 1970 na indústria x-rated) como Brenda Whitlock, psiquiatra fascinada pelas bizarras fixações de um paciente (Chuck Gavoian). Um serial killer que em parceria com outro tarado (Neil Delama – ator frequente nas produções de Tristano), espalha o terror em Los Angeles. Eles se fingem de produtores e atraem jovens aspirantes a atrizes, que matam e degustam com requintes. Os crimes atraem a atenção da polícia, sendo solicitada a ajuda do antropólogo perito em rituais bizarros Peter Harris. O acadêmico acaba colocando mais lenha na fogueira, alimentando com relatos de canibalismo as fantasias da namorada psiquiatra, cada vez mais obcecada e excitada sexualmente pelas atividades dos assassinos.

Ainda que patente em sua pobreza, Banquete de Morte pode surpreender por apresentar diálogos e uma atuação um pouco acima da média para esse tipo de produção, além de efeitos e maquiagem convincentes nas cenas de sangue-e-tripas. Certamente devido à supervisão da equipe responsável pelo próprio Tristano, que sempre teve como uma de suas metas a confecção de efeitos de qualidade para filmes de baixo orçamento.

Como não poderia deixar de ser, apela para o sexo softcore e explora a nudez das atrizes, não só da sra. Mitchell (ainda dando um caldo aos 36 anos), como de outras pinçadas dos filmes pornô: as também veteranas Veronica Hart e Kelly Nichols. Participações especiais de William Smith, figurinha fácil nos filmes e séries de tv das décadas de 70 e 80, como um detetive; e do notório Ron Jeremy numa ponta.

Banquete da Morte foi lançado aqui em VHS, em meados dos anos 90 por uma tal de Crystal. Viva a falta de critério das velhas e boas distribuidoras de fitas VHS. Saudades!!!