sábado, 3 de julho de 2010

Notas sobre o Nazi Exploitation - Parte 1.


Trecho de artigo apresentado no VI Encontro da Socine e publicado na íntegra no livro Estudos de Cinema Ano IV(Socine) - São Paulo: Editora Panorama, 2003.

Os filmes nazi-exploitation configuram, provavelmente, a vertente do cinema exploitation que melhor se insere em um universo fetichista. Certamente por evidenciarem claramente um padrão de tendência sadomasoquista através da exploração de cenas de encarceramento, submissão, humilhações, torturas e homossexualismo feminino. Seqüências temperadas por nudez e sexo simulado, tendo como cenário ideal os nefastos campos de concentração. Deve-se ressaltar que a utilização do tema nazismo é mero pretexto para cenas de sexo e violência, sem nenhuma pretensão de trabalhar essa temática dentro de um contexto histórico-social ou manifestar algum tipo de crítica. Podemos considerar os filmes nazi-exploitation em dois momentos.

No primeiro, fruto de cinema exploitation norte-americano que teve seu apogeu entre as décadas de 50 e 70, podemos destacar duas produções representativas da evolução do tema.

Love Camp 7 (1968) pode ser considerado o principal precursor do que viria a ser a vertente do nazi-exploitation. Seu propósito principal era exibir a nudez – inclusive frontal – das prisioneiras e toda uma série de torturas sexuais. Contudo, Love Camp 7 ainda é tímido ao não mostrar mutilações, resultados de experiências médicas (elas são citadas de passagem) e torturas mais explícitas (introduções de objetos, utilização de instrumentos como ferros em brasa, alicates, etc., que já eram comuns em filmes exploitation).

Essa contenção não é compartilhada pelo filme Ilsa, Guardiã perversa da SS (Ilsa, She-Wolf of the SS), de 1974. Estrelado pela loira Dyanne Thorne, vai mais fundo na explicitação das barbaridades protagonizadas pela autoritária personagem título, comandante e médica-chefe do fictício stalag 9, inspirada na criminosa de guerra Ilse Koch, “a cadela de Buchenwald”, mulher do comandante do campo de concentração de mesmo nome.

Ilsa conduz experimentos com as prisioneiras, submetendo-as a torturas e inoculando em seus corpos virulentas moléstias, fazendo com que literalmente apodrecessem em vida. A sorte dos homens é diferente, porém não menos cruel. Ilsa têm o hábito de levar para cama os prisioneiros que, invariavelmente, não conseguem aplacar o seu apetite sexual, recebendo como punição a morte ou a amputação de seus órgãos genitais. Todos os clichês dos filmes de nazistas pérfidos são explorados nesta produção, em uma trama exagerada, com personagens estereotipados e frases de efeito. Especial atenção é dada para o fetichismo vinculado aos uniformes e botas, no caso a indumentária negra da SS. O resultado final do filme Ilsa é uma coletânea de atrocidades com toques de bizarria tão extrema para a época que fizeram o produtor David Friedman desvincular-se da produção.