segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nas bordas do cinema argentino


Aproveitanda minha última viagem à capital portenha na semana passada (o que justifica a ausência de postagem), tentei unir o útil ao agradável, buscando aprofundar um pouco mais meu conhecimento do universo cinematográfico argentino voltado ao horror e exploitation. Ou seja, buscando algo além do "cine de terror" de Emilio Vieyra (Extraña invasiion/1965; Sangre de Virgenes/1967) e Enrique Carreras (Obras Maestras del Terror/1960), dos peitos de Isabel Sarli ou de women in prison como Atrapadas (1984), de Anibal Di Salvo. Produção ao que tudo indica escassa, apesar de ainda não ter me debruçado com maior profundidade sobre o assunto. Principalmente face a falta de material bibliográfico ou mesmo disponibilidade de títulos em DVD. Foram longas andanças percorrendo as livrarias e sebos de Buenos Aires, que são inúmeros (principalmente na calle Corrientes) - especialmente as das redes El Ateneo (que também vendem CDs e DVDs) e Musimundo (grande acervo de música e filmes).
A grande recompensa dessa peregrinação foi descobrir que no cinema argentino, se renovando desde 1995 (o chamado Nuevo Cine) com obras de teor dramático e político, vem surgindo aos poucos obras voltadas para o horror e o suspense como Visitante de Invierno (2007), com co-produção espanhola; o thriller de horror Aparecidos (2007); e a comédia sobrenatural Fantasma de Buenos Aires (2008). Fora isso, o que realmente deu alento foi saber que, como no Brasil, é pela iniciativa de jovens independentes que títulos de contexto horrorífico e bizarro vão se proliferando. Distribuídos no circuito alternativo (lojas especializadas em vídeos e internet), apresentam as mesmas características de nossos filmes de bordas (denominação que remete à professora e pesquisadora Bernadette Lyra - para se inteirar melhor, leia os livros de nosso grupo de pesquisa clicando nas capinhas ao lado).
Produção que remonta a 1997, com o filme de zumbis Plaga Zombie (de Pablo Parés e Hernán Sáez (que ganhou continuação em 2001 - Plaga Zombie: Zona Mutante). Confirmando os zumbis como queridinhos da turma do horror alternativa. Seguindo essa tendência, foram rodados Mi Suegra és un Zombie (2001), Contagio (2005), Rigor Mortis (2006) e Un Cazador de Zombies (2008). Mas não versam somente sobre zumbis essa vertente da cinematografia argentina. Os vampiros dão as caras em Eklipsa Dana Vampir (2007); maldições e bruxarias em El Marfil (2004), baseado em A Pata do Macaco de W.W. Jacobs; o bizarro em Recortadas (2009) e Sed - Enemigo del Aire (2004); e a violência explícita em Sadomaster (2005), Habitaciones para Turistas (2004), No Moriré Sola (2008) - considerado o I Spit in your Grave/A Vingança de Jennifer argentino - e 36 Pasos (2006).
Essa amostragem é incompleta. Apeanas uma primeira aproximação de assunto ao qual pretendo dedicar mais atenção e espaço. Aceito sugestões e colaborações, com indicações de novos títulos e dicas de como adquiri-los ou baixá-los.
Na foto acima detalhe da fachada do Cine Monumental, cinema na calle Lavalle, uma das principais artérias do centro de Buenos Aires, que cruza a famosa calle Florida, reduto da turistada brasileira.