quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Freiras Nuas com Armas Grandes (2010)



Se existe um santo padroeiro das coisas mal feitas, sem dúvida foi ele que me levou a, entre milhares de envelopinhos plásticos exibindo diversos exemplares pirateados da sétima arte, pinçar o desconhecido (para mim pelo menos) Freiras Nuas com Armas Grandes (Nude Nuns with Big Guns/2010). A capinha impressa em jato de tinta no fundo de algum quintal mostra uma jovem freira de perfil, pensativa, com uma pistola pendendo na cintura em meio aos rosários de contas e empunhando enorme metralhadora apontada para cima, apoiada na testa. A imagem me fisgou logo de cara, remetendo à iconografia religiosa, notadamente os famosos santinhos que circulam nas igrejas e são distribuídos por penitentes e professores de catecismo. Sua pose reflexiva, quase uma prece ancorada por potente arma, pede forças pra enfrentar algum sacrifício. Num impulso, juntei aos outros exemplares do “leve quatro por dez” e corri da banca do camelô (alguém duvida do sortimento dessa turma, de fazer inveja à Fnac?) louco para colocar no player o que poderia ser tanto um novo exemplar do nunsploitation quanto alguma pérola perdida da era de ouro do exploitation.

Confesso que não é uma coisa nem outra, mas bebe dessas fontes à exaustão. Freiras Nuas com Armas Grandes poderia ser um puta filme se não fosse tosco demais. O que de fato não o desmerece, apenas o coloca em seu devido lugar. Depois que engrena e entramos na construção narrativa do diretor Joseph Guzman, torna-se bastante divertido. Blasfemo, mostra a Igreja como uma organização criminosa que lucra com o tráfico e a prostituição. Tal organização possui uma hierarquia encabeçada por um cardeal, e logo abaixo os padres, que são os gerentes, que supervisionam o empacotamento da droga a cargo das freiras. Função que exercem despidas, certamente para não desviarem nem um grama do precioso pó branco e também por ser um filme de sexploitation, ora bolas!

Essa coca é vendida para Los Muertos, uma gang de motoqueiros sádicos e estupradores liderada pelo cruel Chavo (David Castro, uma mistura de Harry Reems com Charles Manson). O sumiço de um pacote da substância é o pretexto para a trama. Envolvida injustamente no roubo, a Irmã Sarah (a expressiva Asun Ortega) é aprisionada em um bordel, onde sob efeito constante de drogas era oferecida aos clientes. Espancada quase até a morte por um padre tarado que pagou pelos seus serviços, é salva por um curandeiro, tendo uma revelação do Altíssimo: tornar-se um arauto da vingança, um braço armado destinado a varrer da face da Terra os pecadores e malfeitores. Claro que seu alvo principal são os causadores de sua ruína: o clero e a gang de Chavo. Auxiliada por sua amante, Irmã Angelina (Aycil Yeltan), e com um arsenal invejável, Irmã Sarah parte para o ataque.

A produção tenta emular a estética de filmes como Kill Bill (2003/2004) e Prova de Morte (Death Proof/2007), inspirados nas produções B dos anos 70. Tarantino de segunda mão, Guzman se aproxima de um western moderno, com um visual sujo e ambientação rural. Para sua composição, ele não só faz uso de cenografia, trilha sonora e efeitos visuais (como legendas com os nomes dos personagens) coerentes com essa abordagem, como atira para todos os lados ao colocar em Freiras Nuas com Armas Grandes boa parte do vasto repertório de temas freqüentes do exploitation: freiras, motoqueiros selvagens, puteiros de fim de mundo com go-go dancers, violência explícita, muita mulher pelada e alguma sacanagem – inclusive sexo entre mulheres.

Destaco a cena em que Irmã Sarah, de hábito branco, se paramenta com seu arsenal e parte para o confronto final. Para assistir rezando.

Um comentário:

Efeito.Dnis disse...

Pra ficar perfeito o Blog, os filmes tinham q vir com download!