Terminando o ano, lamentando a irregularidade das postagens entre os meses de outubro e dezembro devido a sobrecarga de trabalho, resolvi não abordar nenhum filme. Isso porque estive mergulhado nos últimos dias em um livro que não só atraiu totalmente minha atenção como despertou lembranças de um período do qual me recordo muito bem: Maria Erótica e o Clamor do Sexo: Imprensa, Pornografia, Comunismo e Censura na Ditadura Militar 1964/1985 (SP: Editoractiva, 2010), de Gonçalo Junior.
Aficionado e colecionador de revistas em quadrinhos, tenho especial afeto pelas hqs de terror que comprava na infância e adolescência, ainda que proibidas para menores na época por suas cenas de violência e nudez. Leitor assíduo dos títulos da Edrel e da Taíka (e depois a paranaense Grafipar), principalmente, tive contato com o trabalho de artistas como Nico Rosso, Rodolfo Zalla, Eugenio Colonnese; além das estrelas do livro de Gonçalo Junior: Minami Keizi, Claudio Seto, Pulo I. Fukue e Fernando Ikoma. Através das trajetórias marcadas por muito trabalho, dedicação e desilusões desses que foram responsáveis por uma revolução no quadrinho nacional, o autor desvela em rigorosa e inédita pesquisa o estabelecimento da Censura pela Ditadura Militar e seus desdobramentos. Notadamente no que diz respeito a aspectos de cunho sexual, com destaque para as publicações de bancas - quadrinhos e revistas masculinas - mas também dando pinceladas , para contextualizar, em outros setores da cultura. Lembrando que para a turma da vigilância, a sacanagem era uma artimanha de Moscou para desestabilizar a Revolução e os valores defendidos pela moral e os bons costumes.
Dividido em 16 capítulos, a extensa obra (são quase 500 páginas) de narrativa fluida e quase impossível parar de ler, é uma viagem no tempo, obrigatória não apenas para aqueles que vivenciaram o período e se deleitavam com as "garotas de papel" que em fotos e desenhos tentavam burlar os censores com um peitinho aqui e uma bundinha ali; mas também para quem quiser saber mais, em tempos de pornografia explícita ao alcance de todos, sobre uma época onde uma minoria encoberta pelas sombras do autoritarismo decidia com critérios duvidosos o que os brasileiros podiam ver, ler e ouvir. o Livro Maria Erótica (nome de personagem criada por Seto para a Edrel), através do resgate dessa tortuosa aventura protagonizada por editores e artistas, é também um libelo contra a censura. Um ótimo presente de Natal!!!
Até janeiro e Boas Festas!!!!
Vídeo no Youtube sobre o livro:
http://www.youtube.com/watch?v=1XWOZlEzZWw
Aficionado e colecionador de revistas em quadrinhos, tenho especial afeto pelas hqs de terror que comprava na infância e adolescência, ainda que proibidas para menores na época por suas cenas de violência e nudez. Leitor assíduo dos títulos da Edrel e da Taíka (e depois a paranaense Grafipar), principalmente, tive contato com o trabalho de artistas como Nico Rosso, Rodolfo Zalla, Eugenio Colonnese; além das estrelas do livro de Gonçalo Junior: Minami Keizi, Claudio Seto, Pulo I. Fukue e Fernando Ikoma. Através das trajetórias marcadas por muito trabalho, dedicação e desilusões desses que foram responsáveis por uma revolução no quadrinho nacional, o autor desvela em rigorosa e inédita pesquisa o estabelecimento da Censura pela Ditadura Militar e seus desdobramentos. Notadamente no que diz respeito a aspectos de cunho sexual, com destaque para as publicações de bancas - quadrinhos e revistas masculinas - mas também dando pinceladas , para contextualizar, em outros setores da cultura. Lembrando que para a turma da vigilância, a sacanagem era uma artimanha de Moscou para desestabilizar a Revolução e os valores defendidos pela moral e os bons costumes.
Dividido em 16 capítulos, a extensa obra (são quase 500 páginas) de narrativa fluida e quase impossível parar de ler, é uma viagem no tempo, obrigatória não apenas para aqueles que vivenciaram o período e se deleitavam com as "garotas de papel" que em fotos e desenhos tentavam burlar os censores com um peitinho aqui e uma bundinha ali; mas também para quem quiser saber mais, em tempos de pornografia explícita ao alcance de todos, sobre uma época onde uma minoria encoberta pelas sombras do autoritarismo decidia com critérios duvidosos o que os brasileiros podiam ver, ler e ouvir. o Livro Maria Erótica (nome de personagem criada por Seto para a Edrel), através do resgate dessa tortuosa aventura protagonizada por editores e artistas, é também um libelo contra a censura. Um ótimo presente de Natal!!!
Até janeiro e Boas Festas!!!!
Vídeo no Youtube sobre o livro:
http://www.youtube.com/watch?v=1XWOZlEzZWw
Um comentário:
Caro: como autor, queria expressar aqui a minha alegria em ler sua resenha sobre o meu livro e agradecer imensamente sua atenção. Maria Erótica levou 20 anos para ser livro e alguns personagens morreram pelo caminho. Muito bom, depois de tanto esforço, terminar 2010 com a obra publicada e a leitura de seus elogios. Nada pode ser mais gratificante. Feliz Natal e 2011. Um abraço. Gonçalo Junior
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